As investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apresentaram indícios da alegada participação do deputado estadual Neno Razuk (PL-MS) como líder de uma suposta organização criminosa envolvida em roubos e no controle do jogo do bicho no estado de Mato Grosso do Sul. O Ministério Público Estadual (MPMS) documentou detalhes dessas apurações, evidenciando a ligação direta do parlamentar com atividades relacionadas à contravenção. De acordo com os documentos obtidos pelo g1, a organização liderada pelo deputado é apontada como responsável por uma série de roubos perpetrados com o uso de armas de fogo em Campo Grande/MS, em meio à disputa pelo controle do jogo do bicho na região. A queda da família Name, que anteriormente detinha o comando do jogo na capital, teria aberto espaço para a suposta ascensão de Neno Razuk nesse cenário. O MPMS destacou a conexão entre a exploração do jogo do bicho e a ocorrência de crimes como corrupção, extorsão, lavagem de dinheiro e homicídios. Alegou-se que essa atividade ilícita é extremamente prejudicial à sociedade, citando episódios semelhantes ocorridos em todo o país. Segundo as investigações, o deputado atuava com as máquinas do jogo do bicho em diversas áreas do interior do estado. Após a prisão de indivíduos anteriormente envolvidos no comando da contravenção, Neno Razuk teria entrado na disputa pelo controle em Campo Grande. Nessa batalha pelo território, a suposta organização criminosa liderada pelo deputado teria se envolvido em uma série de roubos armados no centro da cidade, visando, entre outros objetivos, a cooptação de seguranças de um grupo rival que também disputava o controle do jogo do bicho na capital. A investigação revelou ainda que agentes da segurança pública eram supostamente utilizados como "seguranças particulares" por líderes de organizações criminosas ligadas à contravenção, o que colocava em risco a segurança dos habitantes da cidade. O Gaeco identificou a participação de Neno Razuk como o líder da organização criminosa, enquanto outros indivíduos, como o major reformado Gilberto Luiz dos Santos, foram apontados como peças-chave na estrutura da quadrilha. Dentre os detidos, além de Gilberto, estão Valmir Queiroz Martinelli, Júlio Cezar Ferreira dos Santos e o sargento Manoel José Ribeiro, todos acusados de suposto envolvimento na quadrilha com características de organização criminosa, conforme alegações do MPMS. Embora o Ministério Público tenha solicitado a prisão de Neno Razuk, o deputado não foi detido devido ao entendimento do foro privilegiado por parte do juiz responsável pelas prisões. Os promotores, ao levantarem elementos de investigação, apontaram a ligação entre o deputado e outros suspeitos da quadrilha, alegando que a disputa territorial em torno do jogo do bicho colocava em risco a segurança da população da capital. A operação do Gaeco teve início após a apreensão de 700 máquinas de jogo do bicho em um bairro residencial de Campo Grande. O ex-assessor parlamentar de Neno Razuk, o ex-major Gilberto, foi encontrado no local, o que desencadeou a investigação. O uso de um carro suspeito na região também despertou a atenção das autoridades, levando o Gaeco a investigar a fundo essa conexão. A defesa do deputado e dos demais presos contesta as conclusões do Gaeco, alegando falhas na investigação, incluindo a falta de consideração de um processo paralelo conduzido pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), que, segundo os advogados, apontava para informações que poderiam contradizer as alegações do MPMS. Para a defesa, o Ministério Público teria omitido detalhes importantes do processo, e acreditam que, ao considerar todas as evidências, o cliente será absolvido de qualquer acusação. Até o momento, o MPMS não respondeu às declarações da defesa dos acusados. Este texto retrata de forma mais detalhada e clara os eventos e alegações relacionadas à suposta participação do deputado Neno Razuk em uma organização criminosa vinculada ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, destacando tanto os apontamentos do MPMS quanto as contestações da defesa dos investigados.